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Critica sobre a Série ' O MECANISMO' da Netflix

José Padilha e Selton Melo

Não sou de ficar maratonando, gosto de ver séries um episódio por dia, portanto só hoje terminei de ver "O Mecanismo".

Tecnicamente é uma obra muito bem produzida, com uma fotografia bonita, enquadramento "solto" (que dá dinâmica à narrativa) e um color grading bem intenso e contrastante. O áudio foi equalizado como se fosse para cinema e acabou soando meio baixo para os padrões de vídeo de Internet. E Selton Mello fala resmungando, isso não é novidade.

As atuações são muito boas e a série conta com um elenco bem experiente. O ritmo é às vezes lento e a narrativa detalhista, ótima para os aficionados pelo tema mas talvez cansativa para quem vai assistir apenas para se distrair.
Sobre o texto, a grande sacada: o "Mecanismo" age como uma estrutura fractal, que se estende infinitamente e repete padrões na escala macro e microscópica. Os esquemas de corrupção se retroalimentam e se reproduzem nas pequenas atividades do dia-a-dia, como em um pedido de manutenção da rede de esgoto, que é propositalmente atrasado para dar margem ao camarada "por fora" de faturar o seu.

A grande injustiça: Padilha pegou pesado com o personagem que representa o juiz Moro, retratado como um sujeito frio, indiferente e vaidoso. Para compensar criou uma equipe de valorosos agentes da PF que quase que literalmente dão a vida pelo trabalho apesar de tudo, de todos e de um chefe com uma conduta suspeita -- uma estrutura bastante utilizada em seriados americanos.

A grande tolice: o "Mecanismo" está acima de partidos e de ideologias. Aí neste ponto Padilha mostrou que continua um sujeito de esquerda. Na verdade o esquema foi sim utilizado e aprimorado pela máquina petista, que aparelhou a mídia, as universidades, os sindicatos, movimentos sociais, a Justiça e o Supremo Tribunal Federal, tudo isso alimentado por recursos que vinham da corrupção. Se a "direita" (leia-se o tucanato e o PMDB) se utilizou do esquema, o PT o aprimorou e o incorporou ao seu projeto de poder. Mas isso Padilha não vai reconhecer nunca, pois teria de concordar que a esquerda visa sempre a implantação de um projeto totalitário no final das contas.
De qualquer maneira é bom ver que algumas cabeças criativas da cultura nacional evoluíram e agora estão preocupadas com esquemas que vão além dos dogmas marxistas de jardim de infância. A segunda temporada provavelmente vai continuar pegando pesado com a "direita" (representada pelo vice-presidente) e tratando eufemisticamente a organização criminosa petista, afinal a culpa é do sistema. Mas se isso for suficiente para essa turma ficar aborrecida e ameaçar cancelar assinatura da Netflix, melhor ainda. A gente se diverte mais. 😉


Fonte - Facebook