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Depressão: como sai dela jogando fora remédios e nunca ter se cortado?



Esse lance de depressão nao é fácil, entre tiros, brigas e romances, descobri nao ser impossível retomar sua vida normal. 

Aos meus 12 anos, numa nova escola grande e início da adolescência. Eu me via encurralado. 
Tímido e super ansioso, causado por presenciar assassinatos e violência, morando em um 
bairro perigoso, onde o crime era tão normal quanto a luz do sol. 
Minha mente começava a me desconcentrar de tudo. Se sentindo totalmente excluído da 
escola, indo todo dia e nao se sentindo la. Eu sempre esperava alguém chamar meu nome para 
se juntar em grupo. Nunca ouvia. 
Ao passar um certo tempo, a vontade de ir a escola era cada vez menos. Comecei a nao ir, ou 
ficar meio período. Na rua, distanciei o máximo possível de péssimas amizades. Em casa 
ninguém ligou para isso, pouco se importavam como foi meu dia.


Percebi que começaria uma nova vida: Eu contra eu mesmo. 
Eu desisti da escola, só vivia no computador e trancado em casa, eu tava me tornando uma 
pessoa fria e calculista, sem medo, a morte era algo comum e ja nao me assustava. Gosto por 
cor preta e andar sozinho a noite, eu gostava muito. 
Durante esse período, eu ja tinha 16 anos, desistido da escola por 4 anos, e claro, vontade 
enorme de se matar com um tiro na cabeça e matar algumas pessoas que eu pensava ser os 
responsáveis por eu me sentir assim. Eu confesso que chegava a pensar como e quando.
Meus pensamentos nao eram focados apenas nisso, eu não vivia me lamentando na internet, 
nem a ninguém. Me tornei um homem calado, quieto, observador e ciente de meus 
problemas que tentava resolver.
Acredite nisso, eu pensava "Só vou me matar depois disso". E o que era isso? Filmes, séries, 
algo super relevante. Isso eu chamava de 'Meta de vida'. Isso mexia profundamente com 
minha ansiedade. Eu vivia no computador pesquisando tudo, era e sou um amante de história 
e ciência. Via um anúncio que seria lançado um novo filme, sobre tecnologia ou sobre guerras, 
ja pensava 'Nao posso morrer até ver isso'. Parece brincadeira, mas dava certo. Isso também é 
meta de vida. 
Mas nada me prendeu nesse mundo tanto quanto uma garota. 
A internet foi minha ponte de vida e novas amizades. Para tentar criar uma nova amizade, eu 
tentava de início algo que chamasse muita atenção e fugisse desse padrão de "Oi tudo bem". 
Eu usei minha habilidade. Desenhei o rosto de uma garota que pensava em conversar. Ela me 
pediu para entregar pessoalmente, Eu super nervoso, ali uma amizade se iniciava.
Isso me tornou um pouco obcecado por ela, eu sem nenhuma experiência em nada, não 
passava de um cara assustado, sozinho. Meu dia era voltado a pensar apenas nela. 
Ate voltei a estudar, iniciei no supletivo a noite.Fora isso, minha saúde mental ainda estava 
ruim. Foi o momento em que comecei a ver vultos, assombrações e a temível paralisia do 
sono, em que meu corpo paralisou e algo monstruoso subiu em cima de mim na cama. Resolvi 
procurar um psicólogo, fui encaminhado para o CAPS. Na primeira triagem, eu falei quase tudo 
isso, principalmente os vultos que so pioravam. Eu via de tudo na rua e em casa. Essa foi a 
primeira e última vez que fui a essa psicóloga. Ela me fez uma pergunta - Qual sua religião-
disse ela. Eu sou ateu, nao acredito em Deus- respondi. Esperava uma reação mais profissional 
dela. Me mandou ir procurar Deus que isso é falta de deus. Fui receitado dois remédios, entre eles uma caixa de Diazepan. Cheguei em casa, eu tomei, me droguei. Era remédio para louco, 
e eu não estava louco. Joguei tudo fora e nao voltei mais la. 



Para concluir, resumindo algumas coisas:
A vontade de matar pessoa era verdade e tinha pessoas certas. mas nao cheguei a esse ponto. 
Quando eu resolvi me afastar de amizades na rua, era exatamente para nao ficar atentado a 
cometer crimes e ter um fim trágico, viver na cadeia ou morrer cedo. Deixar um péssimo
legado. Eu comecei a pensar assim depois de assistir o filme ' Tróia' em que Aquiles, escolhe ir 
para guerra e deixar seu legado na história, o medo de ser esquecido. 

Sobre ser ateu, ja fui um garoto religioso, visitava todo domingo igreja católica e sempre lendo 
a bíblia. 

Sobre a garota. Amizade se fortaleceu ate virar relacionamento, ela teve que ir embora, 6 anos 
de amizade.

Conclui o ensino médio. Não foi fácil. Mas sentia que cada ano que passava que algo 
melhorava pouco, que é melhor que nada. Não se espera que as coisas mude de hoje para
amanhã. Leva tempo e tem que ser forte, aguentar e sempre pôr metas na vida. 

Sente-se feliz? Felicidade é algo momentâneo, seria péssimo viver feliz todo dia, isso seria sua 
vida normal e não uma vida feliz. Momentos ruins eles vem para nos ensinar a para não 
repetirmos, por isso o arrependimento. Aceitar que a vida de ninguém é fácil e a minha não é 
pior, não quero colocar isso numa balança e medir nossas dores. Casos de suicídios eu sempre 
ouço falar, e vejo que as dores não somem após a morte e sim repassam para os familiares, 
ficam se perguntando onde erraram para perder alguem assim. 
O certo é não deixar se entregar, manter sempre a mente ocupada, e o principal: ter uma meta 
de vida. Quando se esta depressivo, se não pensa no futuro, não se planeja nada a não ser se 
deitar ou a morte. 


“Mente vazia Oficina do diabo”