1. O CONTEXTO DA EUROPA NO PERÍODO:
O século XI marcou na Europa profundas transformações no setor econômico e demográfico, além das religiosas reformistas. A economia agrária passava a contar com novas técnicas agrícolas no manuseio do arado e seu atrelamento a animais, novas formas de aproveitamento da terra o que consequenciou num aumento significativo da produção de alimentos o que coincidui com o aumento populacional. Há de considerar que neste século houve uma diminuição nas invasões bárbaras possibilitando assim uma possibilidade de estabilização da sociedade. Essa realidade causou modificações no relacionamento entre servos e senhores, isto pelo fato dos senhores, tendo em vista o aumento da produção alimentícia, passarem a cobrarem impostos mais altos descontentando o servos que muitas vezes passaram a contestar o trabalho nas terras do senhor para aumentarem suas próprias produções podendo, assim, comercializar seu excedente. A sociedade percebe, então, que novas terras devem ser conquistadas para que não se desacelere a produção. A obtenção de novas terras passa a ser encarada como necessidade tanto pelos servos quanto pelos senhores e é neste contexto que nascem as cruzadas. Pode-se , então, caracterizar as cruzadas como uma expressão do imperialismo medieval? Sim, pois em nenhum momento devemos considerar o movimento cruzadista unicamente religioso.
Nesta época, o homem medieval tinha um profunda convicção do pecado, logo ele realizava o máximo de esforço para evitar um castigo eterno, a maneira mais comum encontrada por esse homem era a penitência. Durante centenas de anos, a penitêcia mais comum era a peregrinação a lugares sagrados, uma peregrinação a Terra Santa era ambição direta de muitos cristãos da época, entra em questão ,então, um problema para a realização desse tipo de penitência. O infiéis muçulmanos estavam com o domínio sobre toda a região da Judéia, inclusive Jerusalém, toda a sociedade viu-se envolvida nesse movimento de libertação da Terra Sagrada, conseguí-la era penitenciar-se eternamente, inicia-se, então, o movimento.
2. CAUSAS IMEDIATAS DAS CRUZADAS E OS INTERESSADOS:
O avanço do império sedjúlcida sobre o Oriente próximo, suas vitórias sobre o califado de Bagdá, Síria, Palestina e Egito começaram a ameaçar o Império Bizantino, principalmente, depois da derrota dos bizantinos na batalha em Manzikert, onde os sedjúlcidas conquistaram vastas áreas de constantinopla. O imperador bizantino temendo um avanço maior enviou um apêlo ao Papa, provavelmente para pedir auxílio na contratação de soldados mercenários. O pontífice reinante aproveitou-se largamente dessa oportunidade de aproximação com o oriente e de fortalecimento de seu poder e da cristandade latina , convocou em Clermont, um Concílio de nobres e elementos do clero francês inflamando-os a investir contra os a raça amaldiçoada dos turcos, santificando a investida dizendo:"Deus o quer!", e incentivando-os ao juramento do cruzado. Inicia-se a organização da I Cruzada.
As cruzadas foram num total de 8 e partiram da Europa de 1096-1270. As principais foram a I e a dos comerciantes, em que na primeira os objetivos principais foram conquistados. Tomou a Nicéia e a Heracléia na Ásia Menor, desfogando a ação turca sobre Bizâncio, e conquistou toda a margem leste do Mediterrâneo, Formaram também, fora da Palestina, alguns estados cristãos, vassalos do reino de Jerusalém: Principado da Antióquia, Condado de Trípoli e Condado de Edessa. No entanto, a vitória cristã era precária e aos poucos os infiéis retomaram essas terras de volta.
· O interesse da Igreja no movimento:
A Igreja Católica organizou e liderou o movimento cruzadista com intuitos que ultrapassavam o de recuperar a Terra Santa do domínio muçulmano, estava em jogo, também, a procura por uma reaproximação maior entre ela e a igreja oriental abalada desde a Cisma do Oriente, o que afetou diretamente a cristandade. Então, o fortalecimento da cristandade, principalmente do Ocidente, era fundamental para recuperar e fortalecer seu prestígio.
· O interesse da Nobreza:
O caráter imperialista empregado ao movimento cruzadista foi adquirido apartir do momento em que os nobres passaram a investir maciçamente no movimento, pois a necessidade de adquirir novas terras era sua, novos feudos deveriam ser desenvolvidos pra ampliar seu poder e consequentemente o número de servos e produção. Sua participação ativa é percebida inclusive na Reconquista Ibérica na realização da chamada I Expansão Feudal.
· O interesse dos comerciantes:
O comércio europeu no período medieval não deixou de existir, apenas foi reduzido significativamente restringindo-se a pequenas regiões dentro dos feudos. Para se conseguir artigos asiáticos de luxo ou até mesmo especiarias era necessário que se recorresse a constantinopla e ao monopólio árabe desse comércio, que era dificultado também pela presença do Império Mongol que abrangia o extremo oriente até o Mar Negro. Por todas essas dificuldades passavam os comerciantes europeus, logo, uma oportunidade de acabar com essas dificuldades era bem vinda, por isso os comerciantes investiram nas cruzadas, principalmente o italianos genoveses, venesianos e da cidade de Pisa, estes com seus interesses voltados para o final do monopólio árabe no Mar Mediterrâneo. A cruzada dos comerciantes foi a mais importante, pelo fato de ter consequenciadono reatamento do comércio europeu com o oriente possibilitando o Renascimento comercial.
· O interesse dos servos:
Para os servos medievais a expansão territorial era a oportunidade de libertação da "escravidão da terra", pois caso sua participação fosse ativa uma área acabaria ficando sob seu domínio, era justamente o objetivo a ser alcançado.
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