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Suzy a presa trans já recebeu 234 cartas após reportagem divulgada






Suzy Oliveira, detenta da Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, recebeu até sexta-feira (6),  16 livros, duas bíblias, maquiagens, chocolate, envelopes, canetas e 234 cartas, sendo que alguns envelopes continham várias cartas, algumas delas de grupos religiosos, de acordo com a  Secretaria da Administração Penitenciária do governo João Doria.

O caso dela, uma presa trans, causou comoção após o médico Drauzio Varella consolá-la por estar há oito anos sem receber visitas no sistema penitenciário paulista. A cena, exibida domingo (1) em reportagem do Fantástico (Globo) sobre o abandono e o preconceito contra presas trans, provocou uma mobilização de internautas para que a reeducanda receba cartas que atenuem sua solidão.


Saiba o Crime de Suzy Oliveira




A pasta havia divulgado o endereço para correspondências com Suzy na terça-feira (3).

"Há quanto tempo você está sem receber nenhuma visita na cadeia?", pergunta o médico, que conduziu a reportagem e é voluntário no sistema penitenciário desde 1989. "Oito anos, sete anos", responde Suzy, com a voz trêmula. Após segundos de silêncio, ele diz: "Solidão, né minha filha". E abraça Suzy, uma das mulheres trans confinadas em presídios masculinos no estado.

Suzy está presa na Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, assim como os outros presos e presas, ela recebe rotineiramente material de higiene da unidade prisional. Por trabalhar em uma empresa dentro da penitenciária, também tem direito mensalmente a 75% do valor de um salário mínimo.

Em levantamento inédito divulgado em janeiro deste ano, a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo mostrou que das 232.979 pessoas presas no estado, 869 se declaram mulheres ou homens trans.


Segundo a secretaria, a maioria das travestis e mulheres trans - 535 das 682 entrevistadas - declararam preferir ficar nas unidades masculinas do que nas femininas. A explicação seriam os vínculos afetivos que são criados nas unidades prisionais, onde é comum a formação de casais que inclusive solicitam o direito de dividir a mesma cela.